Só em São Paulo, onde o Hospital Sírio Libanês e o Dante Pazzanese já enviaram as informações pelo sistema “on-line”, foram registrados 112 casos, o que não quer dizer, entretanto, que todos foram causados pela emoção dos jogos. Apenas após a tabulação será possível identificar exatamente quais os casos em que os jogos da Copa foram o fator desencadeante do evento, diz Álvaro Avezum, um dos pesquisadores envolvidos no trabalho e que é presidente do Grupo de Estudos de Epidemiologia e Cardiologia Baseada em Evidências da SBC.
Os 255 casos foram atendidos desde o início da Copa por 10 dos 15 hospitais de vários Estados que aderiram à pesquisa “Estudo Copa - O coração do torcedor”, promovida pelo Funcor (Diretoria de Promoção de Saúde Cardiovascular da SBC). Dados dos demais hospitais estão chegando via eletrônica para serem tabulados.
“Por enquanto recebemos informações de 112 eventos em São Paulo, 58 atendidos em hospitais de Curitiba, 38 casos de Brasília, 9 de Divinópolis-MG, 30 do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, 4 de São José do Rio Preto e 4 de Campinas”, explica Avezum. Ele ressalva, porém, que são informações cruas, que precisam ser analisadas e tabuladas, e é importante comparar os números de pacientes atendidos durante os dias de jogos com a média de atendimentos de cada hospital antes da Copa, para medir o incremento.
As primeiras indicações, porém, são de que houve aumento sensível, diz o presidente do Grupo de Estudos em Cardiologia do Esporte da SBC, Nabil Ghorayeb, também um dos coordenadores da pesquisa. “Um hospital de São Paulo, que atende em média a 5 eventos cardiológicos por dia, no primeiro jogo do Brasil atendeu a 20”, diz ele.
O diretor do Funcor, Dikran Armaganijan, explica que o objetivo da pesquisa, semelhante à realizada na Copa anterior, na Alemanha, “é identificar o risco efetivo da emoção de um jogo causar um problema cardiovascular, informação vital para condicionar a prevenção na Copa de 2014, que será no Brasil”. Para isso foi preparado um questionário a ser preenchido com os dados de cada paciente, idade, risco cardiovascular, isto é, se é fumante, se tem pressão alta, por exemplo, a descrição do evento cardíaco, a ocasião em que ocorreu e o atendimento prestado.
“O estresse causado pela ansiedade durante um jogo pode provocar quatro tipos de eventos”, ensina Dikran, “uma angina instável, arritmia cardíaca, derrame ou infarto, elevação da pressão arterial”, e o estudo servirá também para orientar as autoridades para otimizarem a prevenção e a rapidez do atendimento aos torcedores nos eventos esportivos mais importantes e emocionais em nosso país. Afinal, teremos entre nós Olimpíada e Copa de Futebol entre outras competições internacionais nos próximos anos e o torcedor deverá ter segurança médica de primeiro mundo, lembra o médico.
Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia
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