Crianças que assistem mais à televisão consomem mais doces e guloseimas e têm maior risco de ficarem obesas, de acordo com a conclusão de um estudo feito pela nutricionista Renata Alves Monteiro, da UnB (Universidade de Brasília).A pesquisadora, do grupo de estudo do comportamento do consumidor da universidade, seguiu hábitos alimentares de 330 crianças de 9 a 12 anos de escolas públicas e particulares do Distrito Federal, em dois estudos.
No primeiro, fez um questionário sobre as preferências alimentares e o tempo médio de televisão de cada criança. No segundo, dividiu as crianças em três grupos e as submeteu a programas de TV com ou sem comerciais. Depois, repetiu o questionário e cruzou os dados.
A conclusão é que duas horas de televisão são suficientes para interferir nas escolhas das crianças. "Aquelas que assistiam mais televisão tiveram uma preferência maior por guloseimas", diz.
Monteiro é uma das autoras de outra pesquisa, feita em 11 países, que avaliou 12.618 comerciais. Desses, 67% eram de produtos com muita gordura, muito sal ou muito açúcar.
O estudo foi publicado no periódico "American Journal of Public Health" e coordenado pelo Conselho de Câncer da Austrália.
"No Brasil, 95% das propagandas para crianças são de alimentos não saudáveis. Isso tem uma relação direta com o aumento da obesidade", diz Monteiro.
Para a psicóloga Patricia Spada, da Universidade Federal de São Paulo, as crianças até sabem diferenciar o que é saudável do que não é. Mas, na hora de escolher, elas são seduzidas pelas estratégias de marketing.
"A comida vira um brinquedo. Se a bolacha dá risada e é divertida, isso encanta a criança", afirma.
Referência: Bridget Kelly et al. Television Food Advertising to Children: A Global Perspective. Am J Public Health, Sep 2010; 100: 1730 - 1736
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