Não importa a dose, o exercício físico sempre é um bom remédio para evitar vários tipos de câncer, em especial os ginecológicos, como o de endométrio. Ficar muito tempo sentada, por outro lado, está se consolidando como um fator de risco para estas mesmas doenças femininas.
O Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos fez uma revisão de mais de 14 estudos sobre este câncer, em análises que envolviam 3.460 pessoas com a doença, concluídos entre 2007 e 2010. A revisão, publicada no British Journal of Cancer – uma das publicações mais importantes da medicina – traz dados animadores sobre a influência positiva da atividade física na prevenção do câncer.
Por outro lado, os dados também revelam que passar muito tempo sentada – entre 6 e 9 horas – seja no trabalho ou em frente à televisão influenciam negativamente no desenvolvimento de tumores no endométrio, a membrana que envolve o útero e faz as mulheres “sangrarem” uma vez por mês durante a menstruação.
A análise
Em todas as análises revisadas pelo Instituto do Câncer foi constatado que o exercício reduz em até 40% o risco de desenvolver tumor de endométrio, descontadas as influências genéticas e de hábitos de vida como tabagismo. Segundo a publicação, não é possível estimar ao certo qual a quantidade ideal de atividade física, mas em todos os estudos analisados ficou evidente que 20 minutos diários de atividades, repetidas por pelos menos cinco dias por semana já são suficientes para diminuir a probabilidade de desenvolver a doença e evitariam que 22% dos tumores malignos fossem desenvolvidos. A ressalva é que é preciso ficar um pouco ofegante durante os exercícios.
A publicação diz que a hipótese mais plausível para a influência benéfica do fim do sedentarismo é que as caminhadas, corridas, ginástica ou o pilates (só para citar alguns exemplos) são bons controladores da produção de hormônios que facilitam o ganho de peso e impulsionam o câncer de endométrio.
“Os exercícios reduzem os níveis de estradiol e aumentam os níveis de globulina, um hormônio sexual”, afirma o estudo. “As mulheres que mantêm um peso corporal saudável tendem a ter níveis mais baixos de estrogênio e, portanto, menos risco deste câncer”, concluem os autores.
Potencializadores
A mesma revisão de estudos constatou que diminuir as horas passadas sentada potencializaria os efeitos benéficos do exercício físico e evitaria 34% dos registros da doença. A hipótese é que a posição exigida no trabalho, no trânsito ou em casa facilitaria a produção de hormônios relacionados ao colesterol e o risco de câncer de endométrio. Pelas publicações, o período superior a seis horas já aumenta os riscos, mas o perigo é mesmo constatado nas mulheres que permanecem mais de 9 horas diárias sentadas: se são inativas, têm duas vezes mais possibilidade de ter este tumor do que aquelas que são ativas e passam menos de 3 horas sentadas por dia.
Referência: Moore SC et al. Physical activity, sedentary behaviours, and the prevention of endometrial cancer. British Journal of Cancer. 2010; 103, 933 – 938